quarta-feira, 17 de março de 2010

Falando Sério

Eu estudo na Liberdade, na mesma quadra do metrô São Joaquim. Alí não só tem a FMU, como também tem bancos, a Escola Paulista de Direito, a Fecap, a Casa de Portugual. É por alí que muitos japoneses se infurnam, é até um lugar bonito, com muitas lojas, mercados, galerias, escolas, igrejas. Só que todos os dias que eu chego lá, meu coração dói. A quantidade de indigentes que moram alí é uma coisa absurda. É muito triste ver que em baixo daqueles cobertores tem uma pessoa, são seres humanos também, tem fome, tem frio, tem dor. São crianças, adultos, idosos, todos deitados na frente de alguma loja, com as mãos esticadas pedindo alguma moeda. Eu dei uma olhada no google e existe uma estimativa de que existam 12 mil moradores de rua só em São Paulo, e isso é apenas uma estimativa. Falei das lojas, galerias, faculdades, alí é um bairro onde corre muito dinheiro, os donos desses estabelecimentos comerciais não poderiam se juntar e fundar algo que cuidasse dessas pessoas que estão nessa condição de miséria? Já que eles dizem que "essas pessoas" assustam clientes, deixam a faixada de seus comércios feia, não poderiam se juntar e tentar dar uma vida mais digna para cada um que está alí? Montar uma ong onde possam ensinar a eles algum ofício, dar moradia, uma alimentação decente, acompanhamento psicológico, acompanhamento médico, procurar suas famílias. Tem tanto comércio lá, que se cada um contribuísse com a quantia de 200 reais mensais, duvido que não mudariam o destino dessas pessoas. Os idosos mereciam um fim de vida digno e os adultos e as crianças, teriam uma oportunidade de fazer algo de bom nas suas vidas, até por uma questão de segurança, se eles não conseguem o sustento de uma forma digna, vão arrumá-lo de outra forma e vocês sabem que forma é essa. Se você tem a condição de fazer a diferença na vida de alguém, faça. É tão bonito contribuir para algo bom na vida de alguém, o sentimento de ajudar é muito bom, ouvir um "obrigado" verdadeiro faz bem a alma. Duas semanas atrás, eu não tinha almoçado, tinha tido um dia horrível no trabalho, cheguei mais cedo na faculdade e resolvi passar no habibi's pra comer alguma coisa. Estava tão lotado que demorou pra eu arrumar um lugarzinho pra sentar, eu fiz meu pedido, enquanto aguardava, entrou um homem, ele estava com um cobertor nas costas, descalço, estava molhado (estava chovendo naquele dia), foi em seis mesas com um copinho descartável pedindo um pouco de suco, ninguém deu. Muitos nem olhavam no rosto dele. Quando ele ia indo embora, o meu pedido chegou, ele chegou perto da minha mesa, disse para eu não me assustar, ele não queria dinheiro, só queria um pouquinho de suco. Dei meu copo para ele, batata frita e algumas esfihas, ele me agradeceu e foi embora, sentar na chuva, na frente do habibi's pra comer. Eu fiz isso de coração, sem esperar nada em troca, um monte de gente que estava próximo a mim virou a cara para o que eu fiz. Eu sei que esse pequeno gesto não vai mudar o mundo e nem fazer a vida daquele homem mudar, só que eu sei que naquele dia, eu fiz a diferença para ele. Eu fiz algo bom que quem sabe possa até dar esperanças para aquele homem. Se todo mundo fizesse um pouquinho. Se todo mundo desse a mão pra ajudar o seu semelhante, esse mundo seria um lugar muito melhor. Só que infelizmente não é isso que eu vejo por aí, as pessoas estão se tornando indiferentes, frias. Eu estou escrevendo isso, porque, hoje, ao voltar da faculdade, eu passei por uma lanchonete que estava lotado de pessoas felizes, conversando, brincando, todos com copos nas mãos, lanches, salgadinhos e tinha um menino na porta, pedindo pra cada um que entrava lá 2 reais porque estava com fome, tinha um dia que ele não comia nada, aquele monte de universitários, tenho certeza que todos alí (que estão estudando para ser o futuro da nação) tinham essa pequena quantia disponível, muitos ignoravam por completo a presença do menino, fingindo que não ouviam o pedido dele, outros, simplesmente, diziam que não tinham tal quantia. A situação desse menino é triste, só que mais triste ainda, é ver aqueles que poderiam ajudar, poderiam fazer a diferença, que estão estudando para fazer o futuro de nosso país, não se abalarem com uma cena dessas, não se importarem, mais triste que a fome, a miséria é a falta de carinho a falta de ver o sofrimento alheio e passar batido por aquilo e não fazer nada. Que tipo de pessoa estuda pra ser alguém e construir algo, chegar em algum cargo importante e ser indiferente assim? Eu tenho medo dessa geração, mesmo fazendo parte deles, eu posso dizer EU SOU DIFERENTE, graças à Deus, eu me compadeço do sofrimento alheio, eu tenho a intenção de fazer algo para mudar essa realidade e já faço algumas coisas para ajudar. Se todas as pessoas fizessem algo de bom, uma coisinha que fosse, nosso mundo teria jeito. Lembre-se: um simples sorriso que você dá para alguém pode valer o dia de quem o recebeu.

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