domingo, 1 de agosto de 2010

Mãe

Essa semana eu vi esta postagem em um blog que eue visito faz algum tempo http://calaboca.wordpress.com/, o texto é sobre a morte da mãe da menina. Texto carregado de emoções, bem feito, onde ela escreveu tudo que lembrou para deixar marcado e como ela disse "não esquecer nenhum detalhe da mãe". E eu fico pensando: Pq que eu sempre fui exceção em tudo?
Tudo comigo é diferente. Minha mãe é uma monstra que arruinou a minha vida, minha auto estima, meus sonhos, meus planos, meu futuro. Ela sempre foi uma pessoa horrível comigo, sua filha única. E eu não estou me fazendo de vítima, pois, quem conhece ela, quem me conhece, sabe que é verdade tudo o que eu vou escrever aqui. Ela nunca foi em uma reunião de escola, nunca brincou comigo, meu avô (pai dela), contava que ela estava me amamentando, que de alguma forma eu machuquei o seio dela e ela me bateu, com 3 meses de vida, ele bateu nela por causa disso. Eu fui abusada sexualmente na escola, aos 8 anos por um funcionário da escola, porque ela esqueceu de me buscar na escola, eu saia ao meio-dia, eram quatro horas da tarde e ela não tinha aparecido, quando tudo aconteceu. Nessa mesma época ela furou as minhas orelhas com as unhas dela, o lóbulo abriu de um lado para o outro, isso provocou uma infecção horrorosa, minha avó que cuidou de mim. O médico desconfiou do que era, só que me proibiram de falar o que aconteceu e minha avó tb não disse nada. O tempo passou e as agressões físicas e morais continuaram. Ela me agredia física e moralmente na frente de amigos, parentes. Todo o tipo de humilhação moral que um ser humano pode passar ela fez eu passar, na frente de pessoas que eu conhecia, a vergonha era tanta que eu me afastei de muitas. Com 11 anos ela quebrou meu braço com uma vassourada. Fiquei duas semanas sem ir a 8ª série pq como ela nunca foi em uma reunião da escola, foi o meio pelo qual o diretor arrumou de levá-la lá, ele queria explicar que eu era triste, arredia, saber o que acontecia comigo. A resposta para ele foi frescura, a minha foi uma ameça que se ela tivesse que voltar na escola por causa de frescura minha, eu iria me arrepender da hora de ter nascido. E assim foi, até os meus 13 anos. Isso pq dos 8 aos 13 anos eu morava com meus avós no interior de São Paulo e só via meus pais a cada 15 dias. Assim que completei 13 anos, voltei a morar com meus pais em São Paulo. O inferno ficou muito maior. Ela me persseguia, ia nas aulas, nos cursos, fiscalizando tudo que eu fazia, com quem eu estava. Nunca elogiou nada em mim, se estava magra, estava horrível pq estava magra, se engordava, estava horrível pq estava gorda. Nunca recebi um parabéns por alguma nota alta, por ter passado de ano, o máximo que recebia era "não fez mais que sua obrigação". Comecei a fazer apresentações de dança, desfiles, e onde eu olhava lá estava ela pra falar que outra pessoa fez melhor, q aquilo era "coisa de puta". Arrumei amigos maravilhosos nessa época e estávamos sempre juntos, ela me fez passar inúmeras humilhações na frente deles, de me buscar na pracinha perto de casa e me jogar no carro a arremeçar calçados, objetos de decoração da casa em mim, na frente deles. Eu não podia ter namorado, pra sair a noite com os amigos era um inferno, nenhum amigo prestava, os meninos eram drogados, as meninas eram putas. Todos meus amigos que a conheceram, a odiavam. Alguns me defendiam, outros se distanciavam pra não me arrumar confusão. E o tempo passou e chegou a época de vestibular, eu tinha me inscrito em medicina, até passei na primeira fase, só que um dia ela chegou em casa, havia feito a inscrição e escolhido o curso que eu iria fazer. Nem preciso dizer que não queria fazer esse curso de jeito nenhum, só que não tive outra opição. Fui fazer aquilo lá mesmo. No fim do primeiro ano da faculdade, meu pai foi dormir na chácara e eu fiquei em casa com ela. Os dois tiveram uma briga e ela veio descontar a raiva em mim, ela só não me machucou mais pq a vizinha ouviu o que estava acontecendo e entrou no meio, o resultado dessa bagunça foi: aos 18 anos eu ganhei uma úlcera hemorrágica, 30 dias de repouso absoluto, se me mexia, saía sangue pra todo lado. A falta de respeito dela foi tão grande comigo q um ex namorado chegou a agredi-la pq ela veio pra cima de mim, na frente dele e da mãe, do nada. Ela usa de tortura psicológica, que eu nunca vou ser ninguém, que eu não presto, que não gosto de trabalhar, que sou vagabunda, que vou virar puta para me sustentar. Isso é diariamente, até hoje. Com 21 anos ela jogou uma almofada na minha frente enquanto eu carregava a cachorra dela recém operada, caí, bati o joelho, tenho desgaste ósseo, perdi a cartilagem, muita dor e o pior de tudo, nunca mais vou dançar por culpa dela. Não vou ser cretina e dizer que ela não faz nada por mim. Faz sim, o básico ela nunca me deixou faltar, roupas, comida, remédios, alguns presentes. Só que ela nunca foi mãe, aquela que dá carinho, conversa, dá conselho. Ela manda e vc precisa obedecer, tem que seguir o caminho trilhado por ela, se sair dalí um pouquinho, o inferno começa. Ela nunca perguntou se eu gostei de alguém, nem sabe da minha vida sentimental. O único conselho que ela me deu em relação a sexo foi: "Se vc aparecer grávida em casa eu coloco vc e a criança na rua". E o pior é q eu sei q ela é capaz de fazer isso. Hoje foi mais um dia desses, levei nome de desgraçada, que ela tem pena de mim e que quer estar viva para ver eu me ferrar o máximo possível. Que eu sou um ser humano infeliz, digno de pena, que nunca vou ter ninguém comigo, pq eu não mereço. Q as pessoas que aparecerem na minha vida vão só me usar e jogar fora pq é isso que eu mereço e ainda tocou no meu ponto mais fraco, a Marília.
O que mais dói nisso tudo é que meu pai, minha tia, meus avós, todos eles sabem disso, todos eles viram e ninguém fez nada. Porra, eu só era uma criança. E se de criança eu não tive uma ajuda se quer, agora, adulta é que não vou ter nada mesmo. Nunca ninguém se importou. Hoje eu fui reclamar com meu pai, contar o que aconteceu, ele respondeu que já sabe disso tudo, que eu não preciso ficar repetindo. É essa ajuda que eu tenho. Eu não sei o que fiz para merecer isso tudo. Eu não sou tão ruim, eu faço de tudo para ajudar todo mundo, eu me anulo pelos outros e principalmente por ela e em troca eu não tenho nem o respeito nem o carinho que ela oferece aos nossos cachorros.