segunda-feira, 26 de março de 2012

Moésio


Mais uma perda... 21/03/2.012

Essa coisa mais linda e gostosa da foto é o Moésio. Ele foi um presentinho que Deus me mandou. Não sei de onde ele veio, apareceu num dia frio e chuvoso no fundo de casa, perto da represa. Minha mãe não queria que eu o pegasse, tinha medo de ser um animal usado em trabalho de magia, já que por ser perto da represa e de uma encruzilhada o pessoal costuma fazer trabalhos aqui no fundo. Eu peguei o bichinho, estava machucado, um olhinho fechado, magro e tava morrendo de sede. Guardei ele na horta, pra nossa surpresa ele não sabia ciscar. Limpeio o olho machucado, dei água e arroz. A gente não sabia o que ele era, meu pai deduzio que era uma galinha velha e batizou ele de Genilda (em homenagem a uma ex namorada dele, eu perguntei se ela era ruiva, caolha ou galinha). E a Genilda foi morar num canil já que não tinhamos lugar pra colocá-lo. E foi engordando, ficando "bonita", era "boazinha", aceitava todo mundo bem até que um belo dia a "galinha" começou a cantar. Todo mundo achando muito interessante a galinha que "cantava". Um dia eu estava com "ela" no colo e meu pai percebeu que a Genilda na verdade era macho (ele viu as esporas no bichinho). Depois da descoberta mudei o nome dele para Moésio (em homenagem ao marido de uma cliente da minha mãe). O Moésio era lindo, muito gordo, as penas vermelhas, o rabo preto. Lindo. As cristas eram perfeitas! Gordinhas e muito vermelhas. Ele era um amorzinho comigo, quando eu entrava no canil ou soltava ele, ele inchava, abria as asinhas e vinha se esfregar em mim. Quando eu gritava "Cocó" ele respondia. O Moésio virou "Momô" e era meu docinho penoso. Soltava ele no quintal e ele batia em todos os cachorros, mesmo sendo muito maiores que ele. Ia de bicada e esporada, era muito valente. Aí que quase com uma ano aqui em casa, um dia fui levar comida para ele no "ganil" e ele tava deitadinho, não conseguia andar. Trouxe ele pra dentro de casa, dei comida pertinho dele e água e quando meu pai chegou a noite ele estava acabando de agonizar pra morrer. Eu comecei a chorar, meu pai pegou ele no colo e começou a fazer massagem no papo (que estava cheio, inchado), eu no desespero dei antibiótico de cachorro pra ele, minha mãe fez uma oração linda e alí aconteceu um milagre de Deus, o Moésio que estava praticamente morto (não levantava mais, os olhinhos fechados, nem o pescoço erguia), amanheceu cantando (fraquinho, doía o coração ver o esforço que ele fazia pra anunciar que o dia havia amanhecido). E ele deu trabalho e eu trabalhei muito pra ele ficar bom, o pescocinho caiu, ele não tinha força pra levantá-lo. Água, remédio, tudo "bico" a baixo. Só q ele comia bem e eu insisti dando o antibiótico dos cachorros pra ele, trouxe ele pra casa de cima, foi morar no lavabo e de dia eu deixava ele no jardim, apoiava o bichinho numa pedra e ele tomava sol, comia e isso durou uns 15 dias. O pescocinho foi criando força e aos poucos ele começou a dar uns pacinho (torto, parecia um siri andando) e esse tempo todo ele sempre cantou. Eu reforcei a comida, ele começou a comer banana, arroz com cenoura ralada, beterraba e carne, o que ele mais gostava era fígado de galinha, estranho, né? Ficou bom, andava meio estranho só que foi melhorando, melhorando e essa foto aí é de pouco tempo depois da doença. Ficou mais lindo do que era. Depois da doença ele resolveu virar galo de briga. Ataca todo mundo, a primeira vítima dele foi um pedreiro que veio aqui aumentar o canil. Deu o maior trabalho para o meu pai tirar o Moésio de cima do pedreiro. E ele era valente, machucou um monte as pernas do pedreiro. A segunda vítima foi meu pai (eles criaram uma relação de amor e ódio bem interessante, no meu colo o Moésio aceitava carinhos do meu pai, comia na mão dele, no chão ou no ganil ele o atacava). Ele gostava da minha mãe, só que se ela estivesse com a calça dobrada (com as canelas de fora) ele a atacava e tb tinha uma atração especial pelas molecas da minha vó. Meu pai acabou fazendo um galinheiro decente para o Moésio, separou um pedaço da horta e fez a casinha dele. Um dia fui levar almoço para ele e como sempre ele foi me receber na porta do galinheiro, percebi que tinha sangue no chão e já me desesperei, peguei ele no colo, comecei a berrar meu pai que desceu e veio me acudir, eu não fazia ideia do tanto de sangue que aquele galo tinha, manchou minha roupa, escorreu pelos meus braços e pernas e deu o maior trabalho estancar o machucado do pezinho dele. Depois de umas três horas com ele no colo com o pezinho pra cima, colocando açúcar, bactrovet, gelo, o machucado resolveu dar uma trégua. Meu pai fez um curativo na patinha dele e uma semana depois tinha fechado o machucado. Ele ficava tão feliz em me ver, vinha no colo e fazia todo orgulhoso "co co có", gostava de ser coçado. Um dia ele atacou meu namorado e eu protegendo o Giu levei uma esporada no dedo (vou ter essa cicatriz de lembrança). Alimentava ele duas vezes por dia, limpava sua bagunça, trocava a água e deixava ele passear na horta, ele não sabia ciscar, só passeava e as vezes amassava uma ou outra plantinha. Umas 3 semanas atrás ele estava muito feliz solto na horta, era meu "galo selvagem". Se escondia em baixo das folhas do pé de abóbora e quando eu o chamava ele vinha correndo na cerca, as vezes bicava o fucinho de algum cachorro curioso. Ele morreu dia 21, duas semanas depois da Magda. Eu não tinha visto ele no dia em que morreu, estava com alguma coisa maldita nas costas que me deixou de molho por uns dias. Acordei com meus pais no quarto, juntos para dar a má notícia. Eu não chorei, só que tá doendo pra caramba a falta dele. Fiquei sem ir na horta uns dias. Desci lá e consegui uma pena dele, vou guardá-la. Nos últimos meses ele aprendeu a fazer um tipo de um chorinho quando eu ia embora do galinheiro. Era lindo e fofo demais. Adorava bolacha, bolinhos, granola, frustas. Adorava dormir numa caixinha tb, não dormia no puleiro, preferia uma caixa de papelão forrada com jornal. Mais uma perda dolorida em minha vida. Ele não era só um galo, era uma bolota de penas amorosa que me amou muito e eu tb o amo demais. Agora ele está lá no céu cantando com sua vozinha linda pra anunciar que mais um dia está nascendo. Obrigada por fazer parte da minha vida, querido. Vc foi o penoso mais lindo da minha história. Meu pai sabendo do tamanho do meu sofrimento enterrou vc sem eu ver. Vc sempre vai ser o ruivo mais gostoso da minha vida. Obrigada, Moésio por todo seu carinho.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Magda

Dia 04/03/2012

As vezes o mundo deveria parar pra chorar. E hoje é um desses dias.

Eu não queria receber essa notícia. Hoje, minha estrela perdeu o brilho. Sua luz tão forte e bonita se apagou por causa de uma doença maldita.

Eu a conheci na faculdade e foi o melhor presente que recebi do curso. Foi por ela que eu continuei o curso, pra ve-la todos os dias, pra estar perto dela. A Magda é uma lição de vida. Linda, culta, inteligente, centrada, educada, humilde, inteligentíssima, uma mãe maravilhosa e eu tive o imenso prazer de ser adotada por ela. A mãe que eu queria ter, a mulher que eu quero ter como modelo para a vida. Ela me ensinou, me deu amor, carinho, esperança. Ela foi forte até o fim, tinha uma garra e um coração que não cabiam dela de tão grandes que eram. Eu vou levar seu amor por toda minha vida. Eu precisava de você aqui, você não tem ideia do quanto foi e é e será especial para mim. Se eu conseguir ser 10% do que você era, serei alguém feliz. Dona de um sorriso incrível, linda, doce uma mulher perfeita. Generosa, mãezona, luz no meu caminho. Você me deu tanto amor e a sua perda tá doendo um absudo. Você me ensinou que com estudo se consegue tudo, que com uma família se tem todo o amor e apoio necessário pra se viver e a ter respeito com tudo e todos se tem uma vida melhor. Sua alegria de viver contagiava a todos. Você foi um anjo que Deus mandou para a terra pra salvar a vida de muitos, foi isso que você fez comigo. Você foi luz na minha vida nesses dois anos. Eu te amo, Magda. Nunca vou te esquecer. É muito injusto uma pessoa tão linda e maravilhosa em todos os sentidos ter sofrido e ter partido assim. Eu não pude me despedir de você. Isso vai doer pra sempre só que eu vou orar para que Deus receba você de braços abertos e com festa, isso é o mínimo que você merece. Que as portas do céu estejam abertas e decoradas em uma enorme festa para receber você, anjinho.
Seu marido e seus filhos foram presenteados com a melhor pessoa do mundo.
Não deu tempo de eu casar para ter você como minha madrinha, eu queria a pessoa mais especial que conheci, comigo, no dia mais especial de minha vida. Só que você será lembrada e muito amada por mim todos os dias.
Quero guardar seu sorriso, sua alegria de viver, seu amor, sua beleza. Você foi linda em todos os sentidos. Você teve forças e foi uma lutadora incrível. Você venceu essa doença maldita, agora não sente mais dor, não vai sofrer mais. Quem perdeu fomos nós que ficamos sem você. Hoje a noite no céu tem mais uma estrela, e essa brilha, forte e com muita vida. Essa estrela é você, minha querida, amada e tão especial Magda Ferrentini, que Deus me deu o prazer de conhecer e amar e ter o privilégio de chamar de MINHA AMIGA.

Hoje é dia de festa no Céu e muita dor na Terra.